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Ministério da Cultura apresenta:

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07/03/2018 17:48:46

Graxa e gravata: a história de Zaqueu Braga

Engraxate se destaca com terno e gravata e funda ONG para ajudar famílias carentes.

O criador de uma das ONGs parceiras do Eu Faço Cultura tem uma história de vida que inspira muita gente em Brasília. Com seis anos de idade, Zaqueu Braga já estava aprendendo a engraxar sapatos, ofício de um primo mais velho. O motivo era o mesmo de tantas outras famílias nas quais as crianças precisam ajudar nas contas da casa: falta de dinheiro, e às vezes, até mesmo de comida. Mas o que diferenciou a trajetória de Zaqueu em relação a milhares de crianças e adolescentes que ajudam no sustento, cuidando dos sapatos na entrada de prédios, cafés e calçadas de tantas cidades? 

Zaqueu também foi lavador de carros, empacotador, office boy, frentista e secretário. Mas aos 16 anos, teve um estalo que chamaria atenção e viraria sua marca registrada por um bom tempo. Observando os diversos clientes trajando traje social na capital federal, teve uma ideia simples, mas inédita. Tirou do armário o terno completo que havia comprado em um brechó - que usava para ir à igreja no domingo - e passou a oferecer os serviços de engraxate vestido de roupa social. A ideia chamou atenção e deu certo. "Parei de usar a caixa de madeira, também - conta Zaqueu - que começava a me dar dor nas costas”. O material para polir o couro passou a ser levado numa pasta. Como os clientes ficavam somente de meias, o engraxate passou a entregar protetores descartáveis para os pés, daqueles semelhantes a toucas cirúrgicas. Também não faltavam revistas as mais variadas para entreter os clientes.

“Sempre acreditei que quem vem engraxar comigo tem que ser muito bem recebido. A estratégia deu muito certo, e naquela época, por volta de 2002, passei a faturar cinco vezes o valor do salário mínimo”. Zaqueu havia começado tudo sozinho, seguindo seu faro para o negócio.  Depois disso, formou-se como agente de Microfinança a partir de um projeto da Caixa Econômica Federal. A ONG Heróis de Verdade nasceria em 2009. Entre as atividades, Zaqueu ensina o ofício de engraxate e manutenção de couros para jovens meninos e meninas, e possui projetos específicos que aconselham as crianças e adolescentes, dando apoio psicológico e material para a vida escolar. A Heróis de Verdade também possui ações que ajudam famílias carentes de Brasília a desenvolverem opções de obtenção de renda. "Hoje em dia, trabalho principalmente palestrando e coordenando ações do projeto, mas ainda gosto de engraxar sapatos. É daí que tiro muitas inspirações".

A ONG Heróis de Verdade teve como primeira parceria junto ao Eu Faço Cultura a ação Natal Solidário 2017, na qual obteve 2.200 ingressos para o espetáculo Benedito, Abençoado e Bendizido, do grupo Mamulengo Fuzuê. "Esperamos levar mais peças teatrais e outros eventos para as crianças e famílias das comunidades carentes de Brasília neste ano”. 

Todas as atividades exercidas pela ONG são sem fins lucrativos. Assim como os heróis das histórias em quadrinhos, para Zaqueu, os heróis de verdade não cobram nada para fazer o mundo melhor.

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