Eu Faço Cultura também faz parte dos 50 anos de história da Fenae.
Leitores de duas comunidades do interior do Brasil – Pirapora, no
Vale do Rio São Francisco (MG) e Sarandi, no norte do Rio Grande do Sul, estão
entre as milhares de pessoas beneficiadas pelo Eu Faço Cultura, um Programa da Federação das Associações do Pessoal da Caixa
(Fenae), que comemora agora em 2021 seus 50 anos de existência.
Com as comemorações da Fenae, a plataforma Eu Faço Cultura, que
conta com o apoio de centenas de funcionários da Caixa Econômica Federal,
também celebra o “debut” de 15 anos, disponibilizando gratuitamente ingressos e
produtos culturais. Hoje o Programa integra um dos eixos de atuação do
Instituto Fenae Transforma, que visa o desenvolvimento sustentável, projetos
incentivados, educação e impacto social.
No Eu Faço Cultura, peças de teatro, exposições, cinema, música
(CDs e DVDs) e livros foram comprados de produtores culturais, a maioria deles
independentes, e disponibilizados gratuitamente para pessoas de baixa renda,
idosos, pessoas com deficiência, microempreendedores individuais e
beneficiários de programas sociais do governo.
O balanço da debutante é positivo: cerca de 1 milhão pessoas
impactadas (26 estados e Distrito Federal), 1.442 projetos aprovados, 358 mil
bilhetes resgatados (ingressos, livros, CDs e DVDs), 134 bibliotecas renovadas,
455 ONGs parceiras e 549 escolas públicas amparadas.
Entre os beneficiários estão dois microempreendedores: o
jornalista Thiago de Andrade Morandi, de São João Del-Rei (MG), e o design
Camilo D´Assumpção Maia, de Recife (PE). Freelance e doutorando em Ciências
Sociais na PUC Minas, Thiago Morandi vê no Eu Faço Cultura a oportunidade de
receber em casas livros de ficção, aliando qualidade e lazer.
Camilo
Maia exibe exemplares da coleção Feminismos Plurais e a biografia de John e
Yoko Ono resgatados recentemente. “A leitura faz parte da minha vida. Leio
vários gêneros ao mesmo tempo – ficção, poesia, ensaio e biografia – e, como Microempreendedor
Individual, surgiu a oportunidade de receber obras de qualidade em casa. É um
investimento no lazer e na profissão”.
A história começou em 2006
Em 2006, o presidente da Fenae, Luís Carlos Alonso, aprovou um modelo de projeto baseado em um exemplo vindo de Minas Gerais. Uma empresa destinava 6% do Imposto de Renda devido de pessoas físicas para projetos culturais, por meio da Lei Rouanet, sem custo ao apoiador. Foi assim que nasceram o Movimento Cultural do Pessoal da Caixa (MCPC) e o Eu Faço Cultura (EFC).
Os empregados da Caixa aderiam ao MCPC, a Fenae adiantava os 6% do imposto e nome do empregado na conta do Programa. Eram com as destinações feitas para o MCPC que Fenae e Apcefs realizavam o Eu Faço Cultura. O primeiro a ser beneficiado foi o “Umbria Jazz Brasil”, que aconteceu em Ouro Preto (MG). A renda dos shows foi revertida para o Movimento Solidário em Caraúbas (PI). A iniciativa deu tão certo que o MCPC conseguiu mobilizar mais de 8 mil pessoas físicas, o número em todo país cresceu 290%.
O Diretor Sociocultural da Fenae, Nilson Moura, destacou o avanço do Programa que foi um sucesso desde o início. Para ele, a receita deste crescimento do Eu Faço Cultura, sem dúvidas, foi o engajamento dos empregados. “Os empregados da Caixa são artistas no dia a dia, são solidários, atuam sempre pensando no próximo, não seria diferente com o Eu Faço Cultura”.
Moura acrescentou ainda que o Movimento Cultural do Pessoal da Caixa e o Eu Faço Cultura, foram fundamentais para que a ampliação de um pilar fundamental da Fenae, promover o bem-estar do pessoal da Caixa. “O Eu Faço Cultura é uma forma de estimular a cultura no país, incentivando as artes em todas as suas formas, não apenas como consumidores, mas também como produtores de arte. É um Programa de incentivo que todo ano tem avançado no apoio as artes crescendo de forma vertiginosa”.
Em 2016, o MCPC se uniu com o Eu Faço Cultura e hoje todo incentivo captado ano a ano é direcionado para compra e distribuição de produtos culturais na plataforma digital eufacocultura.com.br.
Valorização de educadores e editoras
O Eu Faço Cultura é uma ação de quase 10 mil funcionários da Caixa
Econômica Federal que destinam todo ano parte do imposto de renda para a
iniciativa. Nando Reis, Rita Lee e Zeca Baleiro são alguns dos artistas da MPB
que participaram dos primeiros anos do Programa. A partir de 2016, transformou-se em
plataforma, e, por conta da pandemia, está concentrada na parceria com pequenas
editoras, sem desviar o seu foco: a inclusão cultural.
São os casos da Associação Clube Literário Tamboril, em Pirapora,
e Escola Sarandi, que estão recebendo, pelos Correios, livros indicados por
diretores, professores e educadores. A associação de Pirapora é um sucesso por
uma simples razão: o município não tem biblioteca pública e livraria.
De
acordo com o coordenador Rafael Ferreira de Oliveira, a estrutura montada é de
seis pontos de leitura espalhados na cidade. Com um acervo de 6.000 obras, a
associação está cadastrada na plataforma há dois anos.
“O
custo de formar um leitor do Brasil é muito alto, o frete é caro e muitas
pessoas não têm computador. O “Eu Faço Cultura” é a porta de acesso às camadas
mais pobres da população para consumir livros de qualidade e sem nenhum custo
para elas”, explica Rafael.
Localizada na “Região da Produção” do Rio Grande do
Sul, a Associação Educacional de Sarandi, mais conhecida como Escola Sarandi,
orgulha-se de sua história de 70 anos, completada este ano. O prédio é tombado pelo Patrimônio Histórico
do Município. Tem 420 alunos matriculados no infantil, médio e fundamental e
uma biblioteca de 10 mil livros.
A
biblioteca é coordenada por Mariana Teresinha Gottardo e já resgatou 700 obras.
“Somos uma escola que desenvolve um projeto de valorização da leitura na
comunidade, e a parceria com o “Eu Faço Cultura” tem funcionado muito bem.
Nossos professores são os responsáveis pela indicação das obras”, destaca o
diretor administrativo Bem-Hur Roque de Marco.
Com sede no Rio de Janeiro, a Semente Editorial (RJ) é uma das
editoras que fornecem e cuidam da distribuição dos livros escolhidos pelos
educadores na grade. Com 21 títulos e 1.500 exemplares distribuídos no país, a Semente
Editorial (RJ) chamou dos atenção dos beneficiários, desde crianças até
adultos, pela diversidade de gêneros – autoconhecimento, ficção e poesia -, e
preocupação com o impacto visual dos livros.
“Nos
surpreendemos com o feedback dos leitores, especialmente professores e alunos,
pelas observações sobre os textos e o impacto visual das obras neles”, relata a
publisher e designer Larissa Kouzmin Korovaeff.
Sucesso de bilheteria
Na espera do fim da pandemia para retomar a parceria com a
plataforma, o grupo Teatro Botija (SP) destaca os cinco anos de trabalho. Foram
mais de dez espetáculos encenados e público de 5.000 pessoas.
Estudantes de escolas públicas – crianças e adolescentes – formaram a plateia
da trupe que faz um teatro que mistura diversão com educação.
Peter
Pan, Os Três Porquinhos e personagens de Monteiro Lobato são resgatados pela
companhia em peças que abordam inclusão social, nova formação familiar, meio
ambiente e a língua portuguesa. “Quando tem a parceria com o Eu Faço Cultura, é
garantia de casa cheia”, destaca o diretor artístico Maciel Silva. O diretor
reforça o papel da plataforma de fomentar o teatro e de inclusão cultural.
Das oficinas e shows até a plataforma digital que leva cultura para todo o país. Veja como foi toda a trajetória.